01 maio, 2006

Uma "Vila" Rural dos Cavaleiros de Avoenga

As inquirições dos meados do século XIII revelam que a “vila” rural de Pendilhe (então, Pendili) era, nessa altura, de cavaleiros-fidalgos por património e avoenga. Não se diz quem seria, então, o seu possuidor, nem o nobre que primeiro fora senhor dela, contudo, não restarão grandes dúvidas que, na primeira metade do século XII, houvesse sido o célebre Egas Moniz, devido ao facto de o lugar estar situado em território lamecense, do qual fora tenente. Outra razão, prende-se com o facto de tal território estar circundado de terras que foram da sua pertença e de seus descendentes. A coroa não possuía aqui foro algum, o que despertou a natural curiosidade dos inquiridores, levando-os a questionar se a “vila” era couto, sendo respondido que não, mas que nunca aí se vira dar à coroa qualquer foro, tal como revela o excerto do “julgado a que respondem” os habitantes, de 1258:
“Joanes Martini de Pendili... dixit quod de villa de Pendili, que est militum ex avolenga et patrimonio, nullum forum faciunt Regi. Interrogatus si est cautus, dixit non. Interrogatus quomodo non faciunt forum Regi, dixit quod non vidit unquam facere Regi forum. Interrogatus cui judicatui respondent, dixit quod habent judicem per se, sed non per Regem”.
A “vila” de Pendilhe é, deste modo apresentada com uma certa independência relativamente à Coroa, até na administração da própria justiça, sendo o Juíz da terra posto e escolhido pelos próprios moradores (“... habent judicem per se, sed non per regem”).
Texto: Marcos Mendes

GAMA, Manuel Fonseca da. Terras do Alto Paiva,Memória histórico-geografica e etnográfica do concelho de Vila Nova de Paiva, Tip. Voz de Lamego, L.da. Lamego, 1940.

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